domingo, 30 de abril de 2017

Egito: Papa pede a religiosos, semear esperança e construir pontes

En el Seminario de El Cairo (Osservatore © Romano)
Texto das palabras do Papa no encontro de oração com o clero, religiosos e seminaristas
O Papa Francisco teve um encontro de oração na tarde deste sábado, no Seminário Patriarcal, no Cairo, com o clero, religiosos e seminaristas. O Papa encorajou os religiosos a não temer as dificuldades da realidade em que vivem e agradeceu pelo “testemunho e pelo bem que fazem a cada dia, trabalhando no meio de muitos desafios e, frequentemente, poucas consolações”.
O texto das palavras do Papa
Beatitudes, Queridos irmãos e irmãs, Al Salamò Alaikum. A paz esteja convosco!
«Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos n’Ele! Cristo venceu a morte para sempre, alegremo-nos n’Ele!»
Sinto-me feliz por me encontrar entre vós neste lugar, onde se formam os sacerdotes e que representa o coração da Igreja Católica no Egito. Sinto-me feliz por saudar em vós – sacerdotes, consagrados e consagradas do pequeno rebanho católico no Egito – o «fermento» que Deus prepara para esta terra abençoada, para que, juntamente com os nossos irmãos ortodoxos, cresça nela o seu Reino (cf. Mt 13, 33).
Desejo, antes de mais nada, agradecer o vosso testemunho e todo o bem que fazeis cada dia, trabalhando no meio de muitos desafios e, frequentemente, poucas consolações. Desejo também encorajar-vos. Não tenhais medo do peso do dia-a-dia, do peso das circunstâncias difíceis que alguns de vós têm de atravessar. Nós veneramos a Santa Cruz, instrumento e sinal da nossa salvação. Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição. «Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino» (Lc 12, 32).
Trata-se, pois, de crer, testemunhar a verdade, semear e cultivar sem esperar pela colheita. Na realidade, nós recolhemos os frutos de muitos outros, consagrados e não consagrados, que generosamente trabalharam na vinha do Senhor: a vossa história está cheia deles!
No meio de muitos motivos de desânimo e por entre tantos profetas de destruição e condenação, no meio de numerosas vozes negativas e desesperadas, sede uma força positiva, sede luz e sal desta sociedade; sede a locomotiva que faz o comboio avançar para a meta; sede semeadores de esperança, construtores de pontes, obreiros de diálogo e de concórdia.
Isto é possível se a pessoa consagrada não ceder às tentações que todos os dias encontra no seu caminho. Gostaria de evidenciar algumas dentre as mais significativas.
1. A tentação de deixar-se arrastar e não guiar. O bom pastor tem o dever de guiar o rebanho (cf. Jo 10, 3-4), de o conduzir a pastagens verdejantes e até à nascente das águas (cf. Sal 23/22, 2). Não pode deixar-se arrastar pelo desânimo e o pessimismo: «Que posso fazer?» Aparece sempre cheio de iniciativas e de criatividade, como uma fonte que jorra mesmo quando vem a seca; sempre oferece a carícia da consolação, mesmo quando o seu coração está alquebrado; é um pai quando os filhos o tratam com gratidão, mas sobretudo quando não lhe são agradecidos (cf. Lc 15, 11-32). A nossa fidelidade ao Senhor nunca deve depender da gratidão humana: «teu Pai, que vê o oculto, há de recompensar-te» (Mt 6, 4.6.18).
2. A tentação de lamentar-se continuamente. Sempre é fácil acusar os outros: as faltas dos superiores, as condições eclesiais ou sociais, as escassas possibilidades… Mas a pessoa consagrada é alguém que, pela unção do Espírito, transforma cada obstáculo em oportunidade, e não cada dificuldade em desculpa! Na realidade, quem se lamenta sempre é uma pessoa que não quer trabalhar. Por isso o Senhor, dirigindo-Se aos pastores, disse: «Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos» (Heb 12, 12; cf. Is 35, 3).
3. A tentação da crítica e da inveja. O perigo é sério, quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar os pequenos a crescer e a alegrar-se com os sucessos dos irmãos e irmãs, se deixa dominar pela inveja tornando-se numa pessoa que fere os outros com a crítica. Quando, em vez de se esforçar por crescer, começa a destruir aqueles que estão crescendo; em vez de seguir os bons exemplos, julga-os e diminui o seu valor. A inveja é um câncer que arruína qualquer corpo em pouco tempo: «Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir» (Mc 3, 24-25). Com efeito, «por inveja do diabo é que a morte entrou no mundo» (Sab 2, 24). E a crítica é o seu instrumento e a sua arma.
4. A tentação de se comparar com os outros. A riqueza reside na diferença e na unicidade de cada um de nós. Comparar-nos com aqueles que estão melhor, leva-nos frequentemente a cair no rancor; comparar-nos com aqueles que estão pior, leva-nos muitas vezes a cair na soberba e na preguiça. Quem tende sempre a comparar-se com os outros, acaba por se paralisar. Aprendamos de São Pedro e São Paulo a viver a diferença dos caráteres, dos carismas e das opiniões na escuta e docilidade ao Espírito Santo.
5. A tentação do «faraonismo», isto é, de endurecer o coração e fechá-lo ao Senhor e aos irmãos. É a tentação de se sentir acima dos outros e, consequentemente, de os submeter a si por vanglória; de ter a presunção de ser servido em vez de servir. É uma tentação comum, desde o início, entre os discípulos, os quais – diz o Evangelho –, «no caminho, tinham discutido uns com os outros, sobre qual deles era o maior» (Mc 9, 34). O antídoto para este veneno é o seguinte: «Se alguém quiser ser o primeiro, há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35)
6. A tentação do individualismo. Como diz o conhecido provérbio egípcio: «Eu e, depois de mim, o dilúvio». É a tentação dos egoístas que, ao caminhar, perdem a noção do objetivo e, em vez de pensar nos outros, pensam em si mesmos, sem sentir qualquer vergonha; antes, justificando-se. A Igreja é a comunidade dos fiéis, o corpo de Cristo, onde a salvação de um membro está ligada à santidade de todos (cf. 1 Cor 12, 12-27; Lumen gentium, 7). Ao contrário, o individualista é motivo de escândalo e conflitualidade.
7. A tentação de caminhar sem bússola nem objetivo. A pessoa consagrada perde a sua identidade e começa a «não ser carne nem peixe». Vive com o coração dividido entre Deus e a mundanidade. Esquece o seu primeiro amor (Ap 2, 4). Na realidade, sem uma identidade clara e sólida, a pessoa consagrada caminha sem direção e, em vez de guiar os outros, dispersa-os. A vossa identidade como filhos da Igreja é ser coptas – isto é, radicados nas vossas raízes nobres e antigas – e ser católicos – isto é, parte da Igreja una e universal: como uma árvore que quanto mais enraizada está na terra tanto mais alta se eleva no céu.
Queridos consagrados, não é fácil resistir a estas tentações, mas é possível se estivermos enxertados em Jesus: «Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim» (Jo 15, 4). Quanto mais enraizados estivermos em Cristo, tanto mais vivos e fecundos seremos. Só assim pode a pessoa consagrada conservar a capacidade de maravilhar-se, a paixão do primeiro encontro, o fascínio e a gratidão na sua vida com Deus e na sua missão. Da qualidade da nossa vida espiritual depende a da nossa consagração.
O Egito contribuiu para enriquecer a Igreja com o tesouro inestimável da vida monástica. Exorto-vos, pois, a beber do exemplo de São Paulo o Eremita, de Santo Antão, dos Santos Padres do deserto, dos numerosos monges que abriram, com a sua vida e o seu exemplo, as portas do céu a muitos irmãos e irmãs; e assim também vós podereis ser luz e sal, isto é, motivo de salvação para vós próprios e para todos os outros, crentes e não-crentes, e de modo especial para os últimos, os necessitados, os abandonados e os descartados.
A Sagrada Família vos proteja e abençoe a todos vós, ao vosso país com todos os seus habitantes. Do fundo do meu coração, desejo tudo de melhor a cada um de vós e, por vosso intermédio, saúdo os fiéis que Deus confiou aos vossos cuidados. O Senhor vos conceda os frutos do seu Santo Espírito: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio» (Gal 5, 22).
Sempre vos terei presente no meu coração e na minha oração. Coragem e avante, com o Espírito Santo! «Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos n’Ele!» E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.

Morre o cantor e compositor Belchior

Foto: Divulgação.


O cantor e compositor Belchior morreu, aos 70 anos, neste domingo (30) em Santa Cruz do Rio Grande do Sul. A informação foi divulgada pelo jornal cearense O Povo. De acordo com a publicação, o corpo do artista deve seguir para o Ceará ainda hoje. O sepultamento deve ocorrer na cidade de Sobral. A Casa Militar do Ceará confirmou que o governo do estado fará o traslado do corpo.


O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou luto oficial de três dias no estado. "Recebi com profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior. Nascido em Sobral, foi um ícone da Música Popular Brasileira e um dos primeiros cantores nordestinos de MPB a se destacar no país, com mais de 20 discos gravados. O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará e do Brasil. Que Deus conforte a família, amigos e fãs de Belchior. O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias", informou em postagem na página que mantém no Facebook.



Natural do Ceará, Belchior fez fama nos anos 1970 com álbuns como Alucinação (1976). Só neste disco, estão clássicos como Velha roupa coloridaComo nossos paisA palo seco e Alucinação. O músico é da mesma geração de outros artistas nordestinos como Raimundo Fagner, também cearense. Nos últimos anos, no entanto, Belchior ficou recluso, se ausentando dos palcos há mais de sete anos.  



Confira a nota de pesar do governo do Ceará sobre a morte de Belchior:



O Governo do Ceará lamenta profundamente o falecimento do cantor e compositor cearense, Belchior, aos 70 anos, na noite deste sábado, 29, na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Sul. E informa que está prestando todo o apoio à família, inclusive providenciando o traslado do corpo para Sobral, sua cidade natal. O governador Camilo Santana está decretando luto oficial de três dias. 

Belchior é dono de uma trajetória artística da mais absoluta importância para a cultura do Estado. Sua carreira o levou ao patamar de um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira, promovendo  o nome do Ceará em todo o Brasil e no mundo.

José Élcio Batista
Secretário-chefe do Gabinete do Governador do Ceará


sábado, 29 de abril de 2017

Nota Oficial Comunicação da Diocese de Campos


Diocese de Campos

Estado do Rio de Janeiro

Nota de Pesar
A Comunidade Paroquial de São João Batista
São João da Barra.


Com profundo pesar nos unimos a Comunidade Paroquial de São João Batista, São João da Barra e nos solidarizamos aos familiares do Diácono Ernani Coelho Reis. Que Nossa Senhora conforte os corações e ajude nesta hora de dor pela perda. Unidos ao Senhor ainda nas alegrias do Ressuscitado, possamos reafirmar nossa fé na Ressurreição premio aos que em vida se colocaram a serviço da igreja para o bem das almas.






Campos dos Goytacazes, 29 de maio de 2017




Pe. Maxiliano Barreto
Coordenador da Comunicação Diocesana




Ricardo Gomes
Assessor Diocesano


EXEMPLOS DE VIDA: 80 ANOS DE ERCÍLIA CÔRTES RESENDE

Nas mãos a marca de um caminho que trilharam juntos. Aos 80 anos de vida Dona Ercília Côrtes Resende, deixa frutos de experiências, de desafios, de alegrias, mas ao lado amparada pelo marido em 60 anos de união conjugal. 
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Unidos nos momentos de alegria, mas amparando nas dificuldades, ai esta o amor. Um amor que se renova a cada segundo da vida do casal
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No amor a compreensão, a cumplicidade, Um olhar de quem em silêcio sempre compreende, sempre esta pronto a ´perdoar e a juntos continuarem unidos ....

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Onde esta a família esta a igreja e onde esta a igreja esta a família. Uma família que aumenta a cada dia e se faz comunidade, se faz comunhão...A videira fecunda e seus frutos....Parabéns Elzimar Nilzimar, Leidimar e Arcedino..Os frutos dessa videira que alimentada por um Deus amor continua frme e unida..
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Palavras... para que palavras, basta amar,,amar e amar...
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Nada melhor para representar esse amor que as mãos unidas, em prece, em súplica e em agradecimento....
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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Monge trapista, dom Bernardo Bonowitz, prega retiro para bispos no fim de semana

Monge trapista, dom Bernardo Bonowitz, prega retiro para bispos no fim de semana

Do sábado, a partir das 15h30 até domingo às 12h45, ocorre o Retiro dos bispos na 55ª Assembleia Geral da CNBB. O abade do mosteiro do Mosteiro de Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo Tenente (PR), Dom Bernardo Bonowitz (nome religioso), de 68 anos, pregará o retiro.
Nascido em Nova York (EUA) no seio de uma família judaica, Bonowitz se converteu ao catolicismo aos 19 anos. Após formar se formar em Línguas Clássicas pela Universidade de Columbia de Nova York, ingressou na Companhia de Jesus, onde foi ordenado sacerdote e realizou estudos em teologia mística na Alemanha.
Em 1982, aos 24 anos, mudou-se para Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância (Trapistas), na Abadia de São José, em Spencer, Massachusetts. Atuou como mestre de noviços de 1986 a 1996, quando foi eleito superior do mosteiro de Nossa Senhora de Novo Mundo no Brasil.
Despertar vocacional
Foi por meio do contato constante com diferentes expressões da arte ocidental – literatura,  música e pinturas – que Dom Bernardo despertou para a um encontro pessoal com Jesus Cristo. O monge busca viver os elementos fundamentais da espiritualidade Beneditina, conforme o primeiro capítulo das Regras de São Bento: um abade, uma regra e uma comunidade fraterna. “Acho que a interação perpétua entre estes três elementos é a marca registrada da Espiritualidade Beneditina”, disse.
Sobre a iniciação Cristã, Dom Bernardo Bonowitz, acredita que a força do Cristianismo na sociedade ocidental dependerá de uma apropriação da fé em Jesus Cristo e seu Evangelho. “Por mais que ame a cultura cristã, não é ela que eu quero ver prevalecer, mas, sim, o conhecimento e seguimento de Jesus e a vida transformada que Ele nos traz”, disse.
Para o monge, os cristãos católicos devem retomar a vida dos primeiros cristãos, a “vida apostólica”, de oração, partilha, testemunho corajoso, participação na Eucaristia, não-violência, estudo bíblico – e que o resto seja como Deus quiser.
O aspecto mais difícil da vida monástica, destaca, e para qualquer pessoa um é o caminho de auto-conhecimento, o caminho da humildade, onde eu descubro a minha pobreza pessoal e aprendo a confiar em Deus e não em mim mesmo.
A nossa tarefa neste mundo, como monges, é de aprender a cumprir os dois grandes mandamentos: o amor a Deus e, em seguida, o amor ao próximo. “Uma pessoa que verdadeiramente ama a Deus de todo o coração será, por este amor, uma luz para o mundo”, conclui.
Com mestrado em Teologia pela Weston Jesuit School of Theology em Massachusetts (EUA), o abade é autor de vários livros publicados no Brasil.

Egito: Texto completo do discurso do Santo Padre no Palácio Presidencial

No âmbito de sua 18ª viagem apostólica internacional, o seu segundo discurso


(ZENIT – Roma, 28 Abr. 2017).- O Papa Francisco encontrou-se nesta sexta-feira com as autoridades egípcias, no Palácio Presidencial, no Cairo, no âmbito de sua 18ª viagem apostólica internacional.
Texto completo do segundo discurso do Santo Padre.
Senhor Presidente, Distintos Membros do Governo e do Parlamento, Ilustres Embaixadores e membros do Corpo Diplomático, Prezados Senhores e Senhoras, Al Salamò Alaikum (A paz esteja convosco)!
Agradeço-lhe, Senhor Presidente, as suas palavras cordiais de boas-vindas e o amável convite que me dirigiu para visitar o seu querido país. Conservo viva lembrança da sua visita a Roma em novembro de 2014, bem como do encontro fraterno com Sua Santidade Papa Tawadros II em 2013, e do Grande Imã da Universidade de Al-Azhar, Dr. Ahmad Al-Tayyib, no ano passado. Sinto-me feliz por me encontrar no Egito, terra duma civilização muito antiga e nobre, cujos vestígios podemos admirar ainda hoje e que, na sua majestade, parecem querer desafiar os séculos. Esta terra é muito significativa para a história da humanidade e para a Tradição da Igreja, não só pelo seu prestigioso passado histórico – faraónico, copta e muçulmano –, mas também porque muitos Patriarcas viveram no Egito ou o cruzaram.
Na verdade, aparece mencionado numerosas vezes na Sagrada Escritura. Nesta terra, Deus fez-Se ouvir, «revelou o seu nome a Moisés» 1 e, no Monte Sinai, confiou ao seu povo e à humanidade os Mandamentos divinos. No solo egípcio, encontrou refúgio e hospitalidade a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Esta hospitalidade, generosamente oferecida há mais de dois mil anos, permanece na memória coletiva da humanidade, sendo fonte de bênçãos abundantes que continuam a derramar-se. Assim o Egito é uma terra que, de certo modo, todos nós sentimos como nossa! E, como dizeis, «misr um al dugna (o Egisto é a mãe do universo)».
Também hoje encontram aqui hospitalidade milhões de refugiados provenientes de vários países, entre os quais se conta o Sudão, a Eritreia, a Síria e o Iraque; refugiados esses, aos quais se procura, com um louvável esforço, integrar na sociedade egípcia. Por causa da sua história e da sua particular posição geográfica, o Egito ocupa um papel insubstituível no Médio Oriente e no contexto dos países empenhados na busca de soluções para problemas agudos e complexos que precisam de ser encarados agora para se evitar uma precipitação de violência ainda mais grave.
Refiro-me à violência cega e desumana, causada por vários fatores: o desejo obtuso de poder, o comércio de armas, os graves problemas sociais e o extremismo religioso que utiliza o Santo Nome de Deus para realizar inauditos massacres e injustiças. Este destino e esta tarefa do Egito constituem também o motivo que levou o povo a solicitar um Egito, onde a ninguém falte o pão, a liberdade e a justiça social. Com certeza, este objetivo tornar-se-á realidade, se todos juntos tiverem a vontade de transformar as palavras em ações, as aspirações válidas em compromissos, as leis escritas em leis aplicadas, valorizando a genialidade inata deste povo.
Assim o Egito tem uma tarefa singular: reforçar e consolidar também a paz regional, apesar de se ver, em seu próprio território, ferido por violências cegas. Tais violências fazem sofrer injustamente tantas famílias – algumas das quais aqui presentes – que choram os seus filhos e filhas. Penso de modo particular em todas as pessoas que, nos últimos anos, deram a vida para salvaguardar a sua pátria: os jovens, os membros das forças armadas e da polícia, os cidadãos coptas e todos os desconhecidos que tombaram por causa de várias ações terroristas. Penso também nos assassinatos e nas ameaças que levaram a um êxodo de cristãos do Sinai setentrional.
Expresso viva gratidão às autoridades civis e religiosas e a quantos deram hospitalidade e assistência a estas pessoas tão provadas. Penso igualmente naqueles que foram atingidos nos atentados contra as igrejas coptas, quer em dezembro passado quer mais recentemente em Tanta e Alexandria. Aos seus familiares e a todo o Egito, as minhas sentidas condolências com a certeza da minha oração ao Senhor pela rápida recuperação dos feridos.
Senhor Presidente, ilustres Senhores e Senhoras! Não posso deixar de encorajar os esforços audaciosos na realização de numerosos projetos nacionais, bem como as muitas iniciativas que foram tomadas a favor da paz no país e fora dele, tendo em vista o almejado desenvolvimento na prosperidade e na paz que o povo deseja e merece. O desenvolvimento, a prosperidade e a paz são bens indispensáveis que merecem todos os sacrifícios; constituem também objetivos que requerem trabalho sério, compromisso convicto, metodologia adequada e sobretudo respeito incondicional pelos direitos inalienáveis do homem, tais como a igualdade entre todos os cidadãos, a liberdade religiosa e de expressão, sem distinção alguma.2
Tais objetivos exigem uma atenção especial ao papel da mulher, dos jovens, dos mais pobres e dos doentes. Na realidade, o verdadeiro desenvolvimento mede-se pela solicitude que se dedica ao homem – coração de todo o desenvolvimento –, à sua educação, saúde e dignidade; com efeito, a grandeza de qualquer nação revela-se no cuidado que efetivamente dedica aos membros mais frágeis da sociedade: as mulheres, as crianças, os idosos, os doentes, as pessoas com deficiência, as minorias, de modo que nenhuma pessoa e nenhum grupo social fique excluído ou marginalizado.
Perante um delicado e complexo cenário mundial, fazendo pensar naquela que designei uma «guerra mundial aos pedaços», é preciso afirmar que não se pode construir a civilização sem repudiar toda a ideologia do mal, da violência e toda a interpretação extremista que pretende aniquilar o outro e destruir as diversidades, manipulando e ultrajando o Santo Nome de Deus.
O Senhor Presidente falou disto várias vezes e em diferentes circunstâncias com clareza, que merece escuta e apreço. Todos temos o dever de ensinar às novas gerações que Deus, o Criador do céu e da terra, não precisa de ser protegido pelos homens; antes, é Ele que protege os homens. Ele nunca quer a morte dos seus filhos, mas a sua vida e felicidade. Ele não pode solicitar nem justificar a violência; antes, detesta-a e rejeita-a.3
O verdadeiro Deus chama ao amor incondicional, ao perdão gratuito, à misericórdia, ao respeito absoluto por cada vida, à fraternidade entre os seus filhos, crentes e não crentes. Temos o dever de afirmar, juntos, que a história não perdoa a quantos proclamam a justiça e praticam a injustiça; não perdoa a quantos falam da igualdade e descartam os que são diferentes. Temos o dever de desmascarar os vendedores de ilusões acerca do Além, que pregam o ódio para roubar aos simples a sua vida presente e o seu direito de viver com dignidade, transformando-os em lenha para queimar e privando-os da capacidade de escolher com liberdade e acreditar com responsabilidade.
Temos o dever de desmantelar os planos homicidas e as ideologias extremistas, afirmando a incompatibilidade entre a verdadeira fé e a violência, entre Deus e os atos de morte. Ao contrário, a história honra os construtores de paz que, com coragem e sem violência, lutam por um mundo melhor: «Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). Por conseguinte o Egito, que no tempo de José salvou os outros povos da carestia (cf. Gn 47, 57), também hoje é chamado a salvar esta amada região da carestia do amor e da fraternidade; é chamado a condenar e derrotar toda a violência e todo o terrorismo; é chamado a dar o trigo da paz a todos os corações famintos de convivência pacífica, de trabalho digno, de educação humana.
O Egito, que ao mesmo tempo constrói a paz e combate o terrorismo, é chamado a dar provas de que «Al din lillah wa Al watàn lilgiamia’ (a fé é para Deus, a pátria é para todos)», como recita o lema da Revolução de 23 de julho de 1952, demonstrando que se pode crer e viver em harmonia com os outros, partilhando com eles os valores humanos fundamentais e respeitando a liberdade e a fé de todos.4
O papel peculiar do Egito é necessário para se poder afirmar que esta região, berço das três grandes religiões, pode – antes, deve – despertar da longa noite de tribulação, para voltar a irradiar os valores supremos da justiça e da fraternidade, que são o fundamento sólido e o caminho obrigatório para a paz.5
Das grandes nações, não se pode esperar pouco! Neste ano, comemora-se o 70º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a República Árabe do Egipto, um dos primeiros países árabes que estabeleceu tais relações diplomáticas. Estas sempre se caraterizaram pela amizade, a estima e a cooperação recíproca. Espero que esta minha visita as possa consolidar e reforçar. A paz é dom de Deus, mas também trabalho do homem. É um bem que se há de construir e proteger, no respeito pelo princípio que afirma a força da lei e não a lei da força. 6
Paz para este amado país! Paz para toda esta região, em particular para a Palestina e Israel, para a Síria, para a Líbia, para o Iémen, para o Iraque, para o Sudão do Sul; paz a todos os homens de boa vontade! Senhor Presidente, Senhoras e Senhores! Quero dirigir uma saudação afetuosa e um abraço paterno a todos os cidadãos egípcios, que estão simbolicamente presentes nesta sala. Saúdo igualmente os filhos e os irmãos cristãos que vivem neste país: os coptas ortodoxos, os greco-bizantinos, os arménios ortodoxos, os protestantes e os católicos.
Que São Marcos, o evangelizador desta terra, vos proteja e nos ajude a construir e a alcançar a unidade, tão desejada por Nosso Senhor (cf. Jo 17, 20-23). A vossa presença nesta pátria não é nova nem casual, mas histórica e inseparável da história do Egito. Sois parte integrante deste país, tendo desenvolvido ao longo dos séculos uma espécie de relação única, uma simbiose particular, que pode ser tomada como exemplo por outras nações. Demonstrastes, e continuais a fazê-lo, que é possível viver juntos, no respeito mútuo e leal confronto, encontrando na diferença uma fonte de riqueza e nunca um motivo de conflito.7 Obrigado pela calorosa receção. Peço a Deus Omnipotente e Único que cumule todos os cidadãos egípcios com as suas bênçãos divinas.
Que Ele conceda ao Egito paz e prosperidade, progresso e justiça, e abençoe todos os seus filhos! «Bendito seja o Egito, meu povo»: diz o Senhor no Livro de Isaías (19, 25). Shukran wa tahìah misr (Obrigado e viva o Egito)!
1 João Paulo II, Discurso na Cerimónia de Chegada, Cairo, 24 de fevereiro de 2000, 1.
2 Cf. Declaração Universal dos Direitos do Homem; Constituição Egípcia de 2014, cap. III.
3 «O Senhor (…) odeia os que amam a violência» (Salmo 11/10, 5).
4 Cf. Constituição Egípcia de 2014, Art. 5.
5 Cf. Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2014, 4.
6 Cf. Idem, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017, 1. 7 Cf. Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente, 24 e 25.


Egito: declaração comum de sua santidade Francisco e Tawadros II



Com o objetivo de promover a “comunhão plena” entre as duas comunidades
(ZENIT – Roma, 28 Abr. 2017).- – O Papa Francisco e o patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, Tawadros II, assinaram hoje no Cairo uma declaração conjunta, na qual assumem o objetivo de promover a “comunhão plena” entre as duas comunidades
Declaração comum de sua santidade Francisco e de sua santidade Tawadros II
1. Nós, Francisco, Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, e Tawadros II, Papa de Alexandria e Patriarca da Sé de São Marcos, no Espírito Santo damos graças a Deus por nos ter concedido a feliz oportunidade de nos encontrarmos mais uma vez, trocarmos o abraço fraterno e juntarmo-nos novamente em oração comum. Damos glória ao Todo-Poderoso pelos laços de fraternidade e amizade existentes entre a Sé de São Pedro e a Sé de São Marcos. O privilégio de estar juntos aqui no Egito é um sinal de que a solidez do nosso relacionamento tem aumentado de ano para ano e de que estamos a crescer na proximidade, na fé e no amor de Cristo nosso Senhor.
Damos graças a Deus pelo amado Egito, «terra natal que vive dentro de nós», como costumava dizer Sua Santidade Papa Shenouda III, «povo abençoado pelo Senhor» (cf. Is 19, 25) com a sua antiga civilização dos Faraós, a herança grega e romana, a tradição copta e a presença islâmica. O Egito é o lugar onde a Sagrada Família encontrou refúgio, é terra de mártires e santos.
2. O nosso vínculo profundo de amizade e fraternidade tem a sua origem na plena comunhão que existia entre as nossas Igrejas nos primeiros séculos tendo-se expressado de várias maneiras nos primeiros Concílios Ecuménicos, a começar pelo Concílio de Nicéia em 325 e a contribuição de Santo Atanásio, corajoso Padre da Igreja que mereceu o título de «Protetor da Fé». A nossa comunhão manifestava-se através da oração e práticas litúrgicas semelhantes, da veneração dos mesmos mártires e santos, e no fomento e difusão do monaquismo, seguindo o exemplo do grande Santo Antão, conhecido como o pai de todos os monges.
Esta experiência comum de comunhão, anterior ao tempo de separação, assume um significado especial na nossa busca atual do restabelecimento da plena comunhão. A maior parte das relações que existiam nos primeiros séculos continuaram, apesar das divisões, entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa até ao dia de hoje e recentemente foram mesmo revitalizadas. Estas desafiam-nos a intensificar os nossos esforços comuns, perseverando na busca duma unidade visível na diversidade, sob a guia do Espírito Santo.
3. Recordamos, com gratidão, o encontro histórico de há quarenta e quatro anos entre os nossos predecessores Papa Paulo VI e Papa Shenouda III, aquele abraço de paz e fraternidade depois de muitos séculos em que os nossos vínculos mútuos de amor não tiveram possibilidade de se expressar devido à distância que se criara entre nós. A Declaração Comum, que eles assinaram em 10 de maio de 1973, representou um marco no caminho ecuménico e serviu como ponto de partida para a instituição da Comissão de Diálogo Teológico entre as nossas duas Igrejas, que produziu muito fruto e abriu o caminho para um diálogo mais amplo entre a Igreja Católica e toda a família das Igrejas Ortodoxas Orientais. Naquela Declaração, as nossas Igrejas reconheceram que, no sulco da tradição apostólica, professam «uma só fé no Deus Uno e Trino» e «a divindade do Unigénito Filho de Deus (…) perfeito Deus, quanto à sua divindade, e perfeito homem quanto à sua humanidade». Reconheceu-se também que «a vida divina é-nos dada e alimentada em nós pelos sete sacramentos» e que «veneramos a Virgem Maria, Mãe da verdadeira Luz», a «Theotókos».
4. Com profunda gratidão, recordamos o encontro fraterno que nós próprios tivemos em Roma, a 10 de maio de 2013, e a instituição do dia 10 de maio como jornada anual em que aprofundamos a
amizade e a fraternidade entre as nossas Igrejas. Este renovado espírito de proximidade permitiunos discernir ainda melhor como o vínculo que nos une foi recebido de nosso único Senhor no dia do Batismo. Com efeito, é através do Batismo que nos tornamos membros do único Corpo de Cristo que é a Igreja (cf. 1 Cor 12, 13). Esta herança comum é a base da peregrinação que juntos realizamos rumo à plena comunhão, crescendo no amor e na reconciliação.
5. Conscientes de que ainda há tanto caminho a fazer nesta peregrinação, recordamos o muito que já foi alcançado. Em particular, lembramos o encontro entre Papa Shenouda III e São João Paulo II, que veio como peregrino ao Egito durante o Grande Jubileu do ano 2000. Estamos determinados a seguir os seus passos, movidos pelo amor de Cristo Bom Pastor, na convicção profunda de que, caminhando juntos, crescemos em unidade. Para isso auferimos a força de Deus, fonte perfeita de comunhão e de amor.
6. Este amor encontra a sua expressão mais alta na oração comum. Quando os cristãos rezam juntos, chegam a compreender que aquilo que os une é muito maior do que aquilo que os divide. O nosso desejo ardente de unidade encontra inspiração na oração de Cristo «para que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Para isso aprofundemos as raízes que compartilhamos na única fé apostólica, rezando juntos e procurando traduções comuns do Pai Nosso e uma data comum para a celebração da Páscoa.
7. Enquanto caminhamos para o dia abençoado em que finalmente nos reuniremos à mesma Mesa Eucarística, podemos colaborar em muitas áreas e tornar tangível a grande riqueza que já temos em comum. Podemos testemunhar juntos certos valores fundamentais como a sacralidade e dignidade da vida humana, a sacralidade do matrimónio e da família, e o respeito por toda a criação, que Deus nos confiou. Não obstante a multiplicidade de desafios contemporâneos, como a secularização e a globalização da indiferença, somos chamados a oferecer uma resposta compartilhada baseada nos valores do Evangelho e nos tesouros das nossas respetivas tradições.
Nesta linha, somos encorajados a aprofundar o estudo dos Padres Orientais e Latinos e promover um frutuoso intercâmbio na vida pastoral, especialmente na catequese e num mútuo enriquecimento espiritual entre comunidades monásticas e religiosas.
8. O testemunho cristão que compartilhamos é um sinal providencial de reconciliação e esperança para a sociedade egípcia e suas instituições, uma semente semeada para frutificar na justiça e na paz. Uma vez que acreditamos que todos os seres humanos são criados à imagem de Deus, esforcemo-nos por promover a tranquilidade e a concórdia através duma coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos, testemunhando assim que Deus deseja a unidade e a harmonia de toda a família humana e a igual dignidade de cada ser humano. Temos a peito a prosperidade e o futuro do Egito. Todos os membros da sociedade têm o direito e o dever de participar plenamente na vida do país, gozando de plena e igual cidadania e colaborando para construir a sua nação.
A liberdade religiosa, que engloba a liberdade de consciência e está enraizada na dignidade da pessoa, é a pedra angular de todas as outras liberdades. É um direito sagrado e inalienável.
9. Intensifiquemos a nossa oração incessante por todos os cristãos no Egito e em todo o mundo, especialmente no Médio Oriente. Alguns acontecimentos trágicos e o sangue derramado pelos nossos fiéis, perseguidos e mortos unicamente pelo motivo de ser cristãos, recordam-nos ainda mais que o ecumenismo dos mártires nos une e encoraja no caminho da paz e da reconciliação. Pois, como escreve São Paulo, «se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26).
10. O mistério de Jesus, que morreu e ressuscitou por amor, situa-se no coração do nosso caminho para a plena unidade. Mais uma vez, os mártires são os nossos guias. Na Igreja primitiva, o sangue dos mártires foi semente de novos cristãos; assim também, em nossos dias, o sangue de tantos mártires seja semente de unidade entre todos os discípulos de Cristo, sinal e instrumento de comunhão e de paz para o mundo.
11. Obedientes à ação do Espírito Santo, que santifica a Igreja, a sustenta ao longo dos séculos e conduz àquela unidade plena pela qual Cristo rezou, hoje nós, Papa Francisco e Papa Tawadros II, para alegrar o coração do Senhor Jesus bem como os corações dos nossos filhos e filhas na fé, declaramos mutuamente que, com uma só mente e coração, procuraremos sinceramente não repetir o Batismo administrado numa das nossas Igrejasm a alguém que deseje juntar-se à outra. Isto confessamos em obediência às Sagradas Escrituras e à fé expressa nos três Concílios Ecuménicos reunidos em Niceia, Constantinopla e Éfeso. Pedimos a Deus nosso Pai que nos guie, nos tempos e modos que o Espírito Santo dispuser, para a unidade plena no Corpo místico de Cristo.
12. Concluindo, deixemo-nos guiar pelos ensinamentos e o exemplo do apóstolo Paulo, que escreve: «[Esforçai-vos] por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef 4, 3-6).
O Cairo, 28 de abril de 2017

SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE AOS JORNALISTAS DURANTE O voo Roma-CAIRO







GREG BURKE:
Santo Pai, agradecemos acima de tudo obrigado por esse privilégio de viajar com você para ela dizendo para dizer "obrigado", "desculpe", "permitido", pedimos perdão para o tempo que Le roubar.; Mas Mons. Maurizio Rueda me diz que será um curto período de tempo, e isto também dizer aos repórteres que ele é apenas uma saudação, não é o momento para fazer entrevistas, no entanto, o Papa vai saudar a todos. Graças a esta importante jornada.
PAPA:
Obrigado. Agradeço a empresa e seu trabalho, ele vai trabalhar para ajudar tantas pessoas a entender a viagem, para saber o que foi feito, o que falamos, tantas coisas ... as pessoas que nos seguem.
Esta viagem tem expectativa especial porque é uma viagem ao convite do Presidente da República, o Papa Tawadros II Patriarca de Alexandria dos Coptas, o patriarca copta católica e o Grande Imã de Al-Azhar. Todos os quatro têm me convidado para fazer esta viagem. É uma viagem de unidade e fraternidade. Obrigado pelo seu trabalho nestes menos de dois dias será suficiente, muito intenso! Obrigado.

ENCONTRO COM AUTORIDADES DISCURSO DO PAPA




Sr. Presidente, 
Sr. Grande Imam de Al-Azhar, 
Senhores Deputados do Governo e do Parlamento, 
Embaixadores e membros do Corpo Diplomático, 
Caros Senhoras e Senhores,
No Salamo Alaikum!

Obrigado, Sr. Presidente, as suas calorosas palavras de boas-vindas e pelo convite gentilmente estendido para me para visitar seu amado país. I manter viva a memória da sua visita a Roma, em Novembro de 2014, bem como o fraternal encontro com Sua Santidade Papa Tawadros II, em 2013 , eo Grande Imam de Al-Azhar University, Dr. Ahmad Al-Tayyib, no ano passado.
Tenho o prazer de me ver no Egito, terra de civilização antiga e nobre, os restos de que ainda pode ser visto hoje e que, em sua majestade, eles parecem desafiar os séculos. Esta terra é muito para a história da humanidade e da Tradição da Igreja, não só por sua prestigiosa passado histórico - faraônica, copta e muçulmana -, mas também porque muitos patriarcas viveram no Egito ou através dele. Na verdade, ele é mencionado várias vezes nas Escrituras. Nesta terra que Deus fez-se sentir " revelou seu nome a Moisés ," [1] e Mount Sinai confiou ao seu povo e à humanidade os mandamentos divinos. Em solo egípcio encontrou refúgio e hospitalidade para a Sagrada Família: Jesus, Maria e José.
A hospitalidade dada generosamente ao longo de dois mil anos atrás, permanece na memória coletiva da humanidade e uma fonte de bênçãos abundantes que ainda se estendem. Egito, portanto, é uma terra que, em certo sentido, todos nós sentimos como o nosso! E como você diz: " Misr UM para dugna / Egito é a mãe do universo." Ainda hoje existem acolher milhões de refugiados de vários países, incluindo o Sudão, a Eritreia, Síria e Iraque, refugiados compromisso louvável tentar integrar na sociedade egípcia.
Egito, por causa de sua história e sua posição geográfica, ocupa um papel insubstituível no Oriente Médio e no contexto de países que buscam soluções para aguda e complexos problemas que precisam ser abordadas agora para evitar um desvio da violência ainda mais grave. Refiro-me à violência cega e desumana causada por vários fatores: o desejo obtuso para o poder, o comércio de armas, de graves problemas sociais e extremismo religioso que usa o santo nome de Deus para realizar massacres e injustiças sem precedentes.
Este destino e esta tarefa Egito são também a razão que levou o povo para pedir um Egito, onde não falta ninguém pão, liberdade e justiça social . Claro, essa meta se tornará uma realidade se todos juntos vai ter a vontade de transformar as palavras em acções, aspirações válidos no noivado, as leis escritas nas leis aplicadas, aumentando a genialidade inata deste povo.
Egito, portanto, tem uma tarefa única: para fortalecer e consolidar a paz regional, embora, em seu próprio território, ferido pela violência cega. Tal violência que sofrem injustamente tantas famílias - algumas das quais estão presentes aqui - que choram por seus filhos e filhas.
O meu pensamento dirige em particular a todos aqueles que, nos últimos anos, deram suas vidas para proteger seu país: os jovens, os membros das forças armadas e policiais, cidadãos coptas e tudo o desconhecido caído devido a vários ações terroristas. Eu também acho que os assassinatos e ameaças que levaram a um êxodo de cristãos do norte do Sinai. Quero expressar gratidão às autoridades civis e religiosas e aqueles que deram boas-vindas e assistência a essas pessoas tão provada. Eu também acho que aqueles que foram afetados nos ataques contra igrejas coptas, é tanto de dezembro, mais recentemente passado em Tanta e Alexandria. Para suas famílias e todo o Egito vão minhas mais profundas condolências e minha oração ao Senhor para dar rápida recuperação aos feridos.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores,
Não posso deixar de incentivar a audácia dos esforços para a realização de muitos projectos nacionais, bem como as muitas iniciativas que foram tomadas em favor da paz no país e fora dele, a fim esperado para o desenvolvimento, a prosperidade ea a paz que as pessoas desejam e merecem.
O desenvolvimento, a prosperidade ea paz são os bens indispensáveis que valem a pena todos os sacrifícios. Eles também são metas que exigem um trabalho sério, forte compromisso, metodologia adequada e respeito especialmente incondicional pelos direitos inalienáveis, como a igualdade entre todos os cidadãos, a liberdade de religião e de expressão, sem distinção [2] . Objetivos que requerem especial atenção ao papel das mulheres, os jovens, os pobres e os doentes. Na verdade, o verdadeiro desenvolvimento é medido por nossa preocupação de que é dedicado ao homem - o coração de todo o desenvolvimento -, sua educação, sua saúde e sua dignidade; Na verdade, a grandeza de uma nação é revelado no cuidado que ele realmente dedicado aos membros mais fracos da sociedade: mulheres, crianças, idosos, os doentes, os deficientes, as minorias, de modo a que nenhuma pessoa ou grupo social ficarem excluídas ou esquerda para margens.
Diante de um cenário global delicado e complexo, o que faz pensar que eu tenho chamado de " guerra mundial em pedaços ", deveríamos dizer que você não pode construir a civilização sem repudiar qualquer ideologia do mal, da violência e qualquer interpretação extremista que reivindica para cancelar uns aos outros e destruir a diversidade e manipulação de ultrajar o Santo Nome de Deus., Sr. Presidente, falou muitas vezes e de várias circunstâncias, claramente, que merece ouvir e apreço.
Todos nós temos o dever de ensinar as novas gerações que Deus, o Criador do céu e da terra, não precisam ser protegidos por homens, mas sim aquele que protege os homens; Ele nunca quer a morte de seus filhos, mas sua vida e sua felicidade; Ele não pode solicitar nem justificar a violência, mesmo abomina e rejeita [3] . O verdadeiro Deus chamou o amor incondicional, perdão gratuito, à misericórdia, no respeito absoluto da toda a vida, a fraternidade entre seus filhos, crentes e não-crentes.
Devemos afirmar juntos que a história não perdoa aqueles que proclamam a justiça e praticar injustiça; não perdoa aqueles que falam da igualdade e descartar o outro. Temos o dever de expor os vendedores de ilusões sobre a vida após a morte, que pregam o ódio para roubar o simples sua vida atual e seu direito de viver com dignidade, transformando-os em lenha e privando-os da possibilidade de escolher livremente e acreditar com responsabilidade. Sr. Presidente, o senhor, há poucos minutos, ele me disse que Deus é o Deus da liberdade, e isso é verdade. Temos de desmantelar as ideias homicidas e ideologias extremistas, alegando a incompatibilidade entre a verdadeira fé e violência, entre Deus e os atos de morte.
A história em vez homenageia pacificadores que, com coragem e sem violência, lutando por um mundo melhor: " Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus " ( Mt 5, 9).
O Egito, que no momento da Giuseppe salvò outras pessoas de fome (veja janeiro 47,57), é, portanto, também chamado hoje para salvar a região amada da fome de amor e fraternidade; Ele é chamado para condenar e derrotar toda a violência e todo o terrorismo; Destina-se a dar o grão de paz a todos os corações de coexistência pacífica com fome, trabalho decente, educação humana. O Egito, que, ao mesmo tempo constrói a paz e luta contra o terrorismo, é chamado a dar provas de que "AL DIN lillah WA Al Watan LILGIAMIA '/ Fé é para Deus, a pátria é para todos ", como o lema da revolução de 23 de Julho de 1952, provando que você pode acreditar e viver em harmonia com os outros, partilhando com eles os valores humanos básicos e respeitando a liberdade ea fé de todos [4] . O papel especial do Egito é necessário para afirmar que esta região, o berço das três grandes religiões, pode e deve despertar da longa noite de problemas para voltar para irradiar os valores supremos da justiça e da fraternidade, que são a base sólida e rua obrigatório para a paz [5] . Desde as grandes nações não pode ser esperada em breve!
Este ano, ele vai comemorar o 70º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé ea República Árabe do Egipto, um dos primeiros países árabes para estabelecer tais relações diplomáticas. Eles sempre foram caracterizadas por amizade, estima e cooperação mútua. Espero que a minha visita pode consolidar e fortalecê-los.
A paz é um dom de Deus, mas também o trabalho do homem. É bom para construir e proteger, de acordo com o princípio que diz que a força da lei e não a lei da força [6] . Paz para este país amado! Paz em toda a região, especialmente na Palestina e em Israel, a Síria, a Líbia, o Iêmen, para o Iraque, para o Sudão do Sul; Paz a todos os homens de boa vontade!
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores,
Desejo estender uma calorosa saudação e um abraço paterno a todos os cidadãos egípcios, que são simbolicamente aqui presente neste tribunal. Saúdo também os filhos e irmãos cristãos que vivem neste país: a Igreja Ortodoxa Copta, o grego-bizantino, o armênio-ortodoxos, protestantes e católicos. San Marco, o evangelizador desta terra, proteger e nos ajudar a construir e alcançar a unidade, assim o desejar, por nosso Senhor (cf. Jo 17,20-23). Sua presença neste país não é nova nem acidental, mas histórica e inseparável da história do Egito. Você é uma parte integrante deste país e têm desenvolvido ao longo dos séculos, uma espécie de relação única, uma simbiose única, que pode ser tomado como um exemplo para outras nações. Você tem mostrado e comprovado que eles possam viver juntos em respeito mútuo e discussões justas, encontrar a diferença uma fonte de riqueza e nunca um pomo de discórdia [7] .
Obrigado pela recepção calorosa. Peço a Deus Todo-Poderoso e somente para preencher todos os cidadãos egípcios com suas bênçãos divinas. Ele conceder Egito paz e prosperidade, progresso e justiça, e abençoa a todos os seus filhos!
"Bendito seja o Egito, meu povo", diz o Senhor no livro de Isaías (19:25).
Shukran wa tahìah misr!

DISCURSO DO SANTO PADRE AOS PARTICIPANTES NA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL EM PROL DA PAZ

















Al Salamò Alaikum (A paz esteja convosco)!
É um grande dom estar aqui e começar neste lugar a minha visita ao Egito, dirigindo-me a vós no âmbito desta Conferência Internacional em prol da Paz. Agradeço ao meu irmão, o Grande Imã, por a ter idealizado e organizado e por me ter gentilmente convidado. Gostaria de vos oferecer alguns pensamentos, tirando-os da gloriosa história desta terra, que ao longo dos séculos se apresentou ao mundo como terra de civilização e terra de alianças.
Terra de civilização. Desde a antiguidade, a cultura surgida nas margens do Nilo foi sinónimo de civilização: no Egito, levantou-se alta a luz do conhecimento, fazendo germinar um património cultural inestimável, feito de sabedoria e talento, de conquistas matemáticas e astronómicas, de formas admiráveis de arquitetura e arte figurativa. A busca do saber e o valor da instrução foram opções fecundas de desenvolvimento empreendidas pelos antigos habitantes desta terra. E constituem opções necessárias também para o futuro, opções de paz e em prol da paz, porque não haverá paz sem uma educação adequada das gerações jovens. Nem haverá uma educação adequada para os jovens de hoje, se a formação que lhes for dada não corresponder bem à natureza do homem, ser aberto e relacional.
Com efeito, a educação torna-se sabedoria de vida, quando é capaz de tirar do homem, em contacto com Aquele que o transcende e com aquilo que o rodeia, o melhor de si, formando identidades não fechadas em si mesmas. A sabedoria procura o outro, superando a tentação da rigidez e fechamento; aberta e em movimento, humilde e ao mesmo tempo indagadora, sabe valorizar o passado e pô-lo em diálogo com o presente, sem renunciar a uma hermenêutica adequada. Esta sabedoria prepara um futuro em que se visa fazer prevalecer, não a própria parte, mas o outro como parte integrante de si mesmo; aquela não se cansa de individuar, no presente, ocasiões de encontro e partilha; do passado, aprende que do mal brota unicamente mal, e da violência só violência, numa espiral que acaba por nos fazer prisoneiros. Esta sabedoria, rejeitando a avidez de prevaricação, coloca no centro a dignidade do homem, precioso aos olhos de Deus, e uma ética que seja digna do homem, rejeitando o medo do outro e o temor de conhecer mediante os meios de que o dotou o Criador.[1]
Precisamente no campo do diálogo, sobretudo inter-religioso, sempre somos chamados a caminhar juntos, na convicção de que o futuro de todos depende também do encontro entre as religiões e as culturas. Oferece-nos um exemplo concreto e encorajador, neste sentido, o trabalho do Comité Misto para o Diálogo entre o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e o Comité de Al-Azhar para o Diálogo. Há três diretrizes fundamentais que, se forem bem conjugadas, podem ajudar o diálogo: o dever da identidade, a coragem da alteridade e a sinceridade das intençõesO dever da identidade, porque não se pode construir um verdadeiro diálogo sobre a ambiguidade nem sobre o sacrifício do bem para agradar ao outro; a coragem da alteridade, porque quem é cultural ou religiosamente diferente de mim, não deve ser visto e tratado como um inimigo, mas recebido como um companheiro de viagem, na genuína convicção de que o bem de cada um reside no bem de todos; a sinceridade das intenções, porque o diálogo, enquanto expressão autêntica do humano, não é uma estratégia para se conseguir segundos fins, mas um caminho de verdade, que merece ser pacientemente empreendido para transformar a competição em colaboração.
Educar para a abertura respeitosa e o diálogo sincero com o outro, reconhecendo os seus direitos e liberdades fundamentais, especialmente a religiosa, constitui o melhor caminho para construir juntos o futuro, para ser construtores de civilização. Porque a única alternativa à civilização do encontro é a incivilidade do conflito; não há outra. E, para contrastar verdadeiramente a barbárie de quem sopra sobre o ódio e incita à violência, é preciso acompanhar e fazer amadurecer gerações que, à lógica incendiária do mal, respondam com o crescimento paciente do bem: jovens que, como árvores bem plantadas, estejam enraizadas no terreno da história e, crescendo para o Alto e junto dos outros, transformem dia-a-dia o ar poluído do ódio no oxigénio da fraternidade.
Para este desafio tão urgente e apaixonante de civilização, somos chamados, cristãos, muçulmanos e todos os crentes, a prestar a nossa contribuição: «Vivemos sob o sol de um único Deus misericordioso. (...) Assim, no verdadeiro sentido, podemos chamar-nos, uns aos outros, irmãos e irmãs (...), dado que, sem Deus, a vida do homem seria semelhante ao firmamento sem o sol».[2] Que se levante o sol duma renovada fraternidade em nome de Deus e surja desta terra, beijada pelo sol, o alvorecer duma civilização da paz e do encontro. Interceda por isto mesmo São Francisco de Assis, que, há oito séculos, veio ao Egito e encontrou o Sultão Malik al Kamil.
Terra de alianças. No Egito, não surgiu apenas o sol da sabedoria; também a luz policromática das religiões iluminou esta terra: aqui, ao longo dos séculos, as diferenças de religião constituíram «uma forma de enriquecimento recíproco ao serviço da única comunidade nacional».[3] Encontraram-se crenças diferentes e misturaram-se várias culturas, sem se confundirem mas reconhecendo a importância de se aliarem para o bem comum. Alianças deste género são ainda mais urgentes hoje. Ao falar disto, gostaria de usar como símbolo o «Monte da Aliança» que se ergue nesta terra. Antes de mais nada, o Sinai lembra-nos que uma autêntica aliança sobre a terra não pode prescindir do Céu, que a humanidade não pode pretender encontrar-se em paz excluindo Deus do horizonte, nem pode subir ao monte para se apoderar de Deus (cf. Ex 19, 12).
Trata-se de uma mensagem atual, visto o perdurar hodierno dum paradoxo perigoso: por um lado, tende-se a relegar a religião para a esfera privada, não a reconhecendo como dimensão constitutiva do ser humano e da sociedade e, por outro, confundem-se, não as distinguindo adequadamente, as esferas religiosa e política. A religião corre o risco de ser absorvida pela gestão de assuntos temporais e tentada pelas adulações de poderes mundanos que, na realidade, a instrumentalizam. Num mundo que globalizou muitos instrumentos técnicos úteis, mas ao mesmo tempo tanta indiferença e negligências, e que corre a uma velocidade frenética, dificilmente sustentável, sente-se a nostalgia das grandes questões de sentido que as religiões fazem aflorar e que suscitam a memória das próprias origens: a vocação do homem, que não foi feito para se exaurir na precariedade dos assuntos terrenos, mas para se encaminhar rumo ao Absoluto para o qual tende. Por estas razões a religião, especialmente hoje, não constitui um problema mas é parte da solução: contra a tentação de se contentar com uma vida superficial em que tudo começa e termina aqui, a religião lembra-nos que é necessário elevar o espírito para o Alto a fim de aprender a construir a cidade dos homens.
Neste sentido e com o olhar da mente fixado ainda no Monte Sinai, gostaria de me referir aos mandamentos lá promulgados, antes de serem gravados na pedra.[4] No centro das «Dez Palavras» ecoa, dirigido aos homens e aos povos de todos os tempos, o mandamento «não matarás» (Ex 20, 13). Deus, amante da vida, não cessa de amar o homem e, por isso, exorta-o a contrastar o caminho da violência como pressuposto fundamental de toda a aliança sobre a terra. Para atuar este imperativo, estão chamadas em primeiro lugar, sobretudo nos dias de hoje, as religiões, porque, encontrando-nos na necessidade urgente do Absoluto, é imprescindível excluir qualquer absolutização que justifique formas de violência. Com efeito, a violência é a negação de toda a religiosidade autêntica.
Assim, como responsáveis religiosos, somos chamados a desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade, apoiando-se na absolutização dos egoísmos, em vez de o fazer na autêntica abertura ao Absoluto. Devemos denunciar as violações contra a dignidade humana e contra os direitos humanos, trazer à luz do dia as tentativas de justificar toda a forma de ódio em nome da religião e condená-las como falsificação idólatra de Deus: o seu nome é Santo, Ele é Deus de paz, Deus salam.[5] Por isso, só a paz é santa; e nenhuma violência pode ser perpetrada em nome de Deus, pois profanaria o seu Nome.
Juntos, a partir deste lugar de encontro entre Céu e terra, de alianças entre as nações e entre os crentes, reiteramos um «não» forte e claro a toda a forma de violência, vingança e ódio cometida em nome da religião ou em nome de Deus. Juntos, afirmamos a incompatibilidade entre violência e fé, entre crer e odiar. Juntos, declaramos a sacralidade de cada vida humana contra qualquer forma de violência física, social, educativa ou psicológica. A fé que não nasce dum coração sincero e dum amor autêntico a Deus Misericordioso é uma forma de adesão convencional ou social que não liberta o homem, mas esmaga-o. Digamos juntos: quanto mais se cresce na fé em Deus, tanto mais se cresce no amor do próximo.
Mas, com certeza, a religião não é chamada apenas a desmascarar o mal; traz em si a vocação de promover a paz, hoje como talvez nunca antes.[6] Sem ceder a sincretismos conciliadores,[7] a nossa tarefa é rezar uns pelos outros pedindo a Deus o dom da paz, encontrar-nos, dialogar e promover a concórdia em espírito de colaboração e amizade. Nós, enquanto cristãos – e eu sou cristão –, «não podemos invocar Deus como Pai comum de todos, se nos recusamos a tratar como irmãos alguns homens, criados à sua imagem».[8] Irmãos de todos. Além disso, reconhecemos que, imersos numa luta constante contra o mal que ameaça o mundo para deixar de ser «um lugar de verdadeira fraternidade», àqueles que «acreditam no amor de Deus [é-lhes dada por Deus] a certeza de que o caminho do amor está aberto para todos e que o esforço para estabelecer a universal fraternidade não é vão».[9] Antes pelo contrário, são essenciais. Com efeito, de pouco ou nada serve levantar a voz e correr ao rearmamento para se proteger: hoje há necessidade de construtores de paz, não de armas; hoje há necessidade de construtores de paz, não de provocadores de conflitos; de bombeiros e não de incendiários; de pregadores de reconciliação e não de arautos de destruição.
Assiste-se, perplexos, ao facto de, por um lado, se distanciar da realidade dos povos em nome de objetivos que não têm em conta a vida concreta das pessoas, enquanto, por outro lado e como reação, surgem populismos demagógicos, que certamente não ajudam a consolidar a paz e a estabilidade: nenhum incitamento violento garantirá a paz, e toda a ação unilateral que não dê início a processos construtivos e compartilhados, de facto torna-se um brinde para os adeptos dos radicalismos e da violência.
Para evitar os conflitos e construir a paz é fundamental trabalhar por remover as situações de pobreza e exploração, onde mais facilmente criam raízes os extremismos, e bloquear os fluxos de dinheiro e de armas para quem fomenta a violência. Indo ainda mais à raiz, é necessário deter a proliferação de armas que, se forem produzidas e comercializadas, mais cedo ou mais tarde acabarão também por ser usadas. Só tornando transparentes as turvas manobras que alimentam o câncer da guerra é que será possível impedir as suas causas reais. A este compromisso urgente e gravoso, estão obrigados os líderes das nações, das instituições e da informação, responsáveis de civilização como nós, convocados por Deus, pela história e pelo futuro a iniciar, cada qual no seu próprio campo, processos de paz, não se esquivando a estabelecer bases sólidas de aliança entre os povos e os Estados. Faço votos de que esta nobre e querida terra do Egito, com a ajuda de Deus, possa continuar a corresponder à sua vocação de civilização e de aliança, contribuindo para desenvolver processos de paz para este povo amado e para toda a região do Médio Oriente.
Al Salamò Alaikum (A paz esteja convosco)!



[1] «Aliás, uma ética de fraternidade e coexistência pacífica entre as pessoas e entre os povos não se pode basear na lógica do medo, da violência e do fechamento, mas na responsabilidade, no respeito e no diálogo sincero» (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017, «A não-violência: estilo de uma política para a paz», 5).
[2] João Paulo II,  Discurso às Autoridades Muçulmanas, Kaduna (Nigéria), 14 de fevereiro de 1982.
[3] Idem, Discurso na Cerimónia de Chegada, Cairo, 24 de fevereiro de 2000, 2.
[4] «Foram impressos no coração do homem como Lei moral universal, válida em todos os tempos e lugares». Oferecem a «base autêntica para a vida dos indivíduos, das sociedades e nações; (…) são o único futuro da família humana. Salvam o homem da força destruidora do egoísmo, do ódio e da mentira. Evidenciam todos os falsos bens que o arrastam para a escravidão: o amor de si mesmo até à exclusão de Deus, a avidez do poder e do prazer que subverte a ordem da justiça e degrada a nossa dignidade humana e a do nosso próximo» (Idem, Homilia na Celebração da Palavra no Monte Sinai, Mosteiro de Santa Catarina, 26 de fevereiro de 2000, 3).
[5] Cf. Francisco, Discurso na Mesquita Central de Koudoukou, Bangui (República da África Central), 30 de novembro de 2015.
[6] «Talvez nunca antes na história, como agora, o laço intrínseco que existe entre uma atitude autenticamente religiosa e o grande bem da paz se tenha tornado evidente a todos» (João Paulo II, Discurso aos Representantes das Igrejas Cristãs e Comunidades Eclesiais e das Religiões Mundiais, Assis, 27 de outubro de 1986, 6).
[7] Cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 251.
[8] Conc. Ecum. Vat. II, Decl. Nostra aetate, 5.
[9] Idem, Const. past. Gaudium et spes, 37.38.



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