Fr.
Darlei Zanon
Religioso Paulino
No
dia 28 de maio, Solenidade da Ascensão do Senhor, celebrarmos a Jornada Mundial
das Comunicações Sociais, na qual o Papa Francisco nos convida a “comunicar
esperança e confiança”. A sua mensagem para esta ocasião era uma exortação
clara a comunicar construtivamente, a “não temer” ao dizer a verdade, seja na
comunicação profissional (jornalismo etc.) quanto nas comunicações
interpessoais.
Não
há dúvidas de que a comunicação é um dos temas centrais do nosso tempo, e
exatamente por isso um dos elementos mais problemáticos da nossa sociedade.
Devemos nos esforçar por comunicar sempre mais e sempre melhor. Inclusive na
liturgia que é sempre e em tudo um “ato comunicativo”, onde Deus revela-Se, ou
seja, comunica-Se connosco e nos convoca a que nos comuniquemos com todos os
irmãos. Este é certamente um tema interessante para aprofundar, mas hoje
gostaria de falar convosco sobre um interessante “manifesto” que recebi há
poucos dias e que tem como objetivo central a comunicação chamada “não-hostil”,
exatamente como nos convida o Papa Francisco.
Este
“manifesto da comunicação não-hostil” é composto por 10 princípios, ou 10
“mandamentos”, se preferirmos. Foi apresentado por um grupo de mais de 100
intelectuais e profissionais da comunicação em um evento na Itália (Trieste) em
fevereiro deste ano. E tem como objetivo principal contrapor-se à violência das
palavras e aos abusos e “excessos” na comunicação atual, especialmente das
redes sociais. Este manifesto, acredito, é uma resposta à exortação que o Papa
nos faz para promover a “lógica da boa notícia”, não concedendo assim “papel de
protagonista ao mal”.
Mas
vamos ao manifesto: O primeiro princípio afirma que “o virtual é real”, devemos
dizer e escrever na internet somente as coisas que temos coragem de dizer
pessoalmente. O segundo recorda que “somos aquilo que comunicamos”, ou seja, as
palavras que escolhemos refletem a pessoa que somos, nos representam. O
terceiro: “as palavras dão forma ao pensamento”, isto é, devemos tomar todo o
tempo necessário para exprimir da melhor forma possível o que pensamos,
evitando assim qualquer confusão ou mal-entendido. O quarto “mandamento” nos
convida a escutar primeiro de falar, com atenção e abertura, e faz-nos perceber
que ninguém tem sempre a razão, inclusive nós mesmos.
“As
palavras são uma ponte” é o quinto princípio, que revela de modo exemplar
também a insistência do Papa Francisco de criar pontes e destruir barreiras.
Este ponto nos convida a dialogar, a escolher bem as palavras para nos
aproximarmos do outro, a fim de compreender e ser compreendido. O sexto
mandamento é muito importante, pois nos recorda que “as palavras têm
consequências”. Especialmente nas redes sociais, as pessoas parecem esquecer
que tudo o que dizem, por mais insignificante que possa parecer, tem
consequências, pois é lido por um número enorme de pessoas e ter repercussão
incalculável. Exatamente porque não podemos prever ou controlar os resultados,
devemos “compartilhar com responsabilidade”, postar ou partilhar fotos, textos
ou vídeos somente depois de tê-los lido, compreendido e avaliado. É uma grande
responsabilidade, pois uma vez publicado, não temos mais controle sobre ele,
não podemos voltar atrás.
O
oitavo princípio afirma que “ideias podem ser discutidas, pessoas devem ser
respeitadas”. Não podemos transformar em inimigas as pessoas que sustentam
opiniões ou pensamentos diferentes dos nossos. Podemos discordar das ideias,
mas a pessoa deve vir sempre em primeiro lugar. Como consequência temos o seguinte
ponto: “os insultos não são argumentos”. É muito comum hoje no mundo virtual
lermos insultos vazios, frutos de uma visão superficial e de uma incapacidade
de dialogar. Devemos fugir de qualquer forma de insulto ou comentários
agressivos. Quando estes são dirigidos a nós devemos ignorá-los, pois
respondê-los é uma forma de fortalecer o ciclo de comunicação hostil. Por fim
temos um princípio que foi tema de uma das mensagens para o dia mundial das
comunicações do Papa Bento XVI (2012): “o silêncio também comunica”. Por vezes,
a melhor opção é permanecermos calados, em silêncio.
Todos
estes elementos da comunicação não-hostil ajudam-nos a nos relacionarmos melhor
com o nosso “próximo”, mas também ensinam-nos como testemunhar a nossa fé no
ambiente digital, como evangelizar este novo ambiente virtual, como comunicar a
beleza do Evangelho e o amor de Deus aos outros. Ao fim e ao cabo, evangelizar
é comunicar... comunicar a história da Salvação, comunicar o projeto de Deus,
comunicar o Evangelho de Cristo. E todo o cristão é chamado a evangelizar,
especialmente na internet e redes sociais.
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