domingo, 23 de abril de 2017

Fátima, sinal de amor e esperança
































Frei Darlei Zanon
Religioso Paulino

Portugal e o mundo estão em festa pelas comemorações do Centenário das Aparições em Fátima. Ao longo de todo este ano de graça se multiplicam as atividades em diversos países, mas é de modo especial no mês de maio que se concentram as grandes celebrações jubilares. Fátima será palco de uma grande solenidade, presidida pelo Papa Francisco e presenciada por milhares de fiéis de todo o mundo. Neste mesmo dia 13 de maio serão canonizados os dois pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto.
Alegramo-nos de modo particular porque sentimos que a mensagem de Fátima é cada vez mais atual e significativa. Vivemos num momento muito difícil da história, bastante similar ao contexto de 1917. A Europa não vive um guerra, como naquela época, mas muitos países e milhões de pessoas sofrem com a incerteza e a dor da guerra a cada dia. Como em 1917, Portugal e a Europa atravessam uma profunda crise política, social e religiosa. Como em 1917, vivemos num mundo cheio de conflitos, atentados, violência de todo o tipo; num momento de muitas dúvidas, ceticismo, incompreensões e perseguições políticas e religiosas; num tempo em que a mensagem cristã é fortemente questionada e desacreditada.
Neste contexto de incerteza e insegurança, a mensagem de Fátima é cada vez mais um sinal claro de esperança e profecia. Fátima denuncia as máscaras do mal, que provocam no mundo tanta dor e injustiça, por isso é muito atual. Como afirma a Conferência Episcopal Portuguesa na sua Carta pastoral para o Centenário, Fátima denuncia “os mecanismos que conduzem à guerra, o ateísmo que quer apagar as pegadas de Deus neste mundo, os poderes económicos que não buscam mais que o seu próprio benefício à custa dos pobres e dos débeis, a perseguição contra a Igreja e contra os santos que se opõem aos ídolos criados pelos interesses humanos; e ainda a hipocrisia ou a infidelidade daqueles que, na Igreja, se deixam dominar pela apatia ou pelo espírito mundano: a comodidade, a corrupção ou a busca de poder.”
Hoje certamente Nossa Senhora repetiria que são muitas as realidades que devem ser convertidas e libertas. A sua mensagem reflete o compromisso profético que a Igreja deve seguir. É uma mensagem que nos interpela, especialmente porque “mostra-nos uma experiência universal e permanente: o confronto entre o bem e o mal que continua no coração de cada pessoa, nas relações sociais, no campo da política e da economia, no interior de cada país e à escala internacional”, afirmam os bispos portugueses. Ou, como disse o Papa-emérito Bento XVI, «a mensagem de Fátima é como uma janela de esperança que Deus abre quando o homem lhe fecha a porta».
A mensagem de Fátima é um dom inefável de graça, misericórdia, esperança e paz, que nos chama ao acolhimento e ao compromisso. É um constante apelo à conversão, à penitência e à paz, muito bem expresso na oração: «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam». É muito atual também porque suscita em cada um de nós uma imensidão de sentimentos como a alegria de ser amado e constantemente acolhido por Deus e pela Sua Mãe Maria; ou ainda a compaixão semelhante àquela de Francisco que queria consolar o Senhor, a gratidão de Jacinta ao Senhor que morreu por nós, a fidelidade de Lúcia que se entregou totalmente nas mãos Deus e deu voz às diversas mensagens da “Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol” e assim por diante.
É uma mensagem atual, enfim, porque revela o rosto materno de Deus e da Igreja. Um rosto acolhedor, ternurento, consolador, pacificador... A Mãe de Deus é também a nossa Mãe e a esta Mãe queremos nos entregar e, especialmente neste mês de maio, renovar a nossa consagração e o nosso amor filial.


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