"Não foi um
prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas uma oportunidade para amar
mais!", disse Vinicius de Andrade
Testemunho de
Vinicius Andrade, um dos 12 jovens que almoçou com o Papa Francisco durante a
JMJ Rio 2013
Durante a JMJ tive uma das graças
mais especiais da minha vida: a de ser um dos doze jovens a almoçar com o Santo
Padre, o Papa Francisco. Nunca imaginei que, na minha curta caminhada na Igreja
(desde 2008), pudesse ter essa oportunidade. Não vejo como um prêmio, nem
merecimento... Penso que foi uma oportunidade que Deus me deu para amá-Lo mais,
amar mais a Sua Igreja e aumentar em meu coração este amor pelo Papa, o Vigário
de Cristo na terra. Foi também uma oportunidade de conversão e espero que sirva
de motivação para tantos jovens que estão afastados ou desmotivados na fé. O
almoço foi um diálogo muito próximo e fraterno, compartilhamos testemunhos e
vivências dentro da Igreja. É incrível ver como, independente do país, temos os
mesmos desafios e dificuldades, talvez porque lutamos pelo mesmo ideal: a
santidade.
Algo que me chamou a atenção durante
o almoço foi a proximidade que ele tinha conosco: suas falas, seus gestos, tudo
falava de amor ao próximo. Senti em mim mesmo o mandamento de Cristo: amai o
próximo como a ti mesmo. Me senti muito amado por Deus naquele instante; cada
palavra que dizia o Papa trazia uma paz e um conforto ao meu coração. Mas
acredito que todos nós que fomos à JMJ Rio, em algum momento, nos sentimos
assim, pois o coração do Papa Francisco é muito acolhedor. Como lição de vida e
busca da santidade, levo o seu exemplo: olhar para todos com misericórdia, não
viver em ilhas, segregando as pessoas ou no individualismo, mas sim em
comunidade, sempre buscando amar mais o próximo, como ele mesmo disse durante o
almoço.
O Papa nos falou um pouco da
realidade do jovem, do alto índice de desemprego nessa faixa etária em alguns
países da Europa. Disse que muitos deles, e também os idosos, são descartados
pela sociedade e falou da importância do trabalho: “O trabalho traz dignidade
para as pessoas, todos deveriam trabalhar”, mas que tudo se perde se nos falta
a caridade. Para ilustrar, usou o exemplo da torre de Babel: “Era trabalhoso
fazer um tijolo, era preciso preparar o barro, colocar para assar, transportar
até o local onde iria ser colocado. O tijolo, para o povo que construía a
torre, era um verdadeiro tesouro. Se algum tijolo caísse e se quebrasse, o
trabalhador era muito castigado, mas se um operário caísse, todos continuavam
como se nada tivesse acontecido”. Então juntos chegamos à conclusão que a crise
não é somente econômica e não se restringe à Europa, temos outra crise que
atinge todos os povos e nações e permanece pelos séculos: a crise do
relacionamento entre as pessoas, a cultura do descartável. Dizendo isso,
acrescentou que a sociedade de hoje muitas vezes tira a esperança dos jovens, e
nos encorajou: “Vocês devem ser portadores da esperança, não deixe que ninguém
roube sua esperança”.
Depois ele partilhou conosco a
experiência que teve com jovens na Argentina. Grupos de 40 ou 50 jovens faziam
uma reflexão do Evangelho e depois saiam para distribuir sopa. “Não eram todos
católicos”, dizia. Mas disse que no período de um ou dois anos muitos conheciam
a Fé. Frisava: “É importante para o jovem sair de si, para ir ao encontro dos
mais necessitados”. Bem, nem preciso dizer que me comovi muito nesse momento,
pois a experiência da minha conversão tinha sido exatamente esta: sair ao
encontro do próximo. “Aí está a verdadeira experiência de Cristo”, dizia.
Em outro momento conversamos sobre a
vocação do leigo. Ele nos falou que todos nós deveríamos entregar as nossas
vidas a Deus, que como batizados temos este dever. Jesus irá nos mostrar o
caminho de nossa vocação, mas independente de qual for, precisamos nos colocar a
serviço. Nessa hora ficou claro, ao menos para mim, que a vocação leiga não
pode ser uma desculpa para não se entregar para as coisas de Deus, afinal, não
podemos ter dois senhores. Nesse momento ele também exortou: “Toda pessoa,
desde que põe os pés na terra até morrer, precisa ter um orientador espiritual,
eu mesmo tenho o meu”. Disse que a orientação espiritual é importante na
caminhada espiritual de todo católico, pois deve nos ajudar a encontrar com
Cristo e achar as respostas para as nossas inquietudes. Destacou também a
importância de se ter um confessor.
O momento mais marcante certamente
foi quando ele nos falou sobre o sofrimento, as misérias e a ausência de Deus
no mundo. Ele falou que deveríamos nos questionar sobre essas situações e que
nosso coração deveria chorar por isso: “Quando nosso coração chorar por isso,
nós estaremos muito próximos de Jesus Cristo”. Lembrei-me muito de Santa
Faustina, que dizia em seu diário: “Sinto uma tristeza profunda, quando observo
os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu
coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem
também fisicamente. Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para
dar alívio ao próximo.” Que amor é esse, que chora com o sofrimento do próximo,
que se compadece das dores mais profundas da humanidade? É o amor quando o
medimos a partir de Deus e não a partir do mundo. Acredito que muitos de nós
descobrimos que não amamos como deveríamos, que somos egoístas e nos
preocupamos somente conosco; e estamos ainda muito longe da santidade. Ali tive
a certeza que não era um prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas
uma oportunidade para amar mais! Chorei (todos choraram), mas eu chorei por ver
a realidade belíssima da caminhada espiritual de todo cristão: poder todos os
dias lutar pela santidade, lutar por esse tesouro escondido em Deus. É uma
caminhada que nos leva diariamente ao encontro com Jesus e com Maria. E que
graça tão especial poder aprender do Santo Padre a ter compaixão, algo talvez
tão esquecido, mas tão necessário para nossa santificação e de tantas outras
almas que Deus nos entrega.
Mas a graça mais especial eu já tinha
antes do almoço: a graça de pertencer a amada Igreja Católica, de ter conhecido
a Igreja por meio do Movimento Regnum Christi, de poder, a partir dele, servir
à Igreja e consequentemente aos meus irmãos. Graças ao Movimento também tenho
minha orientação espiritual e meu apostolado, dicas tão preciosas que o Santo
Padre deixou para nós e para todos. Que todos os jovens católicos do mundo
consigam ter acesso a um orientador espiritual e a alguma oportunidade de
servir a Cristo na Igreja. Como disse o Santo Padre, é preciso sair!
Não posso deixar de agradecer a Deus
por esses grandes pais espirituais que são os Papas, que sempre nos lembraram
do mandamento maior do amor; também por minha família e meus amigos (em
especial meus companheiros de caminhada do Regnum Christi e da equipe dos
Jovens Conectados). Meu carinho e agradecimento ao Padre Sávio, ao Padre
Toninho e ao Dom Eduardo, por sempre acreditarem nos jovens e lutarem tanto por
esta Juventude no Brasil! Agradeço aos meus diretores espirituais que me
auxiliaram na caminhada e a todos os padres que passaram por minha vida, todos
vocês me edificaram muito.
Que nosso querido Papa Francisco
consiga continuar mostrando ao mundo, e principalmente a nós católicos, esse
lado amoroso e misericordioso de Deus e que possamos acolher em nossas vidas o
lema do Santo Padre: olhando-o com amor, o escolheu.
Obrigado por fazerem parte desta
história! Contem com minhas orações por suas intenções.
Em Cristo, Vinicius de Andrade
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