Pe. Luiz Alves de Lima, sdb
Na longa tradição da Igreja, a iniciação das pessoas ao mistério
de Cristo Jesus e seu Evangelho, acontecia, inicialmente, pelo catecumenato e,
depois, pela catequese. Durante séculos ela foi marcada quase exclusivamente
pela dimensão doutrinal, como era exigido pela situação de uma sociedade
bastante cristã. Desde o final do séc. XIX a catequese vem sendo continuamente
renovada em vista de uma maior eficácia na transmissão e educação da fé.
Apesar de muita renovação, esse modelo de catequese que chegou até nós já
não corresponde mais às necessidades de nossa época de intensas mudanças. Desde
o Vaticano II vem sendo sugerida, não só a renovação da catequese, mas de todo
o processo de Iniciação à Vida Cristã(IVC), conforme o catecumenato que
tantos frutos deu nos primeiros séculos de vida da Igreja.
Assim, hoje, em vista de uma verdadeira formação de discípulos
missionários, a própria catequese, sobretudo com adultos e/ou afastados da
Igreja, é considerada a serviço da IVC ou uma catequese com dimensão
catecumenal. Isso implica o querigma e, sobretudo a mistagogia,
ou seja, uma transmissão e educação da fé impregnada de Sagrada Escritura,
celebrações, símbolos, sinais, dimensão orante, ritos que proporcionem aos
catequizandos um maior contato e vivência dos conteúdos da fé. É uma mudança
radical de paradigma, para a qual as comunidades e, sobretudo os catequistas
precisam estar preparados e com muita coragem para assumir. Mais do que o
modelo tradicional de catequese, esses processos de IVC ou catequese com
dimensão catecumenal, exige também maior participação e acompanhamento por
parte dos líderes comunitários, sobretudo dos párocos, vigários paroquiais,
diáconos... e também uma séria programação diocesana e não somente paroquial.
Tendo presente muitas experiências já realizadas nessa direção,
documentos já escritos, como o Estudo 97 da CNBB (1997), e
tantos estudos já realizados, o novo documento está estruturado em 4 capítulos.
O primeiro, apresenta o belo e profundo diálogo entre Jesus e a
Samaritana, levando-a à descoberta do mistério de sua Pessoa humana e divina: é
o exemplo ou ícone de toda IVC. O segundo mostra como a
história da Igreja sugere muitos elementos que hoje podem ser resgatados para a
transmissão da fé hoje; analisa também a atual situação da iniciação. Já
o terceiro capítulo, considerado o mais importante, procura
esclarecer os conceitos e ideias mais fundamentais para a transmissão da fé
hoje, através da mistagogia, do catecumenato. Entre outras coisas, reflete
sobre a importância da união entre Liturgia e Catequese, sobretudo pelo
conhecimento e prática do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA).
Fala também da necessidade de uma compreensão mais unitária dos três
Sacramentos da IVC. Finalmente, oúltimo capítulo é
muito rico em propostas e sugestões para que os processos de IVC sejam
implantados eficazmente em nossas dioceses; de fato, exige-se mais um planejamento
diocesanodo que apenas paroquial ou setorial.
O novo
documento sobre a IVC é mais uma esperança para que a Igreja realize sua missão
de Evangelizar numa sociedade cada vez mais pluralista, através da transmissão
e educação da fé das pessoas. A mistagogia, bem entendida e realizada por toda
comunidade e pelos catequistas, terá como fruto a formação de cristãos
conscientes, atuantes e inseridos na comunidade, vivendo no mudo com autênticos
discípulos missionários de Jesus Cristo.
* Assessor para a redação do novo documento
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