Pe. Marcos
Sandrini SDB *
Há palavras que ficam marcadas no decorrer dos
tempos. Umas são marcadas positivamente e outras, negativamente. Assim, na
linguagem comum, leigo significa uma pessoa por fora do assunto ou ignorante.
Isto tem sua explicação. Com o crescimento do clericalismo na Igreja, os leigos
foram sendo colocados de lado e ignorados. Aos poucos vamos virando esta
história.
O Concílio Vaticano II dedicou um documento
inteiro justamente aos leigos. É o Apostolicam Actuositatem. É nesta perspectiva que trato deste assunto.
·
O Batismo é o ponto de partida
O Batismo insere todos os cristãos na Igreja de Jesus. Santo Agostinho
dizia que “convosco sou cristão e para vós sou bispo”. O ponto de partida é a
igualdade fundamental, isto é, convosco sou cristão. Se há algo que nos
diferencia é o serviço, a missão que cada cristão recebe, isto é, para vós
sou bispo.
Assim, na Igreja de Jesus somos todos iguais. Não há menor e nem maior.
Só há irmãos. Somos imagens e semelhança de Deus. As três pessoas divinas são
iguais: o Pai, o Filho e o Espírito Santo participam da mesma igualdade embora
sendo diferentes. As diferenças nunca significam desigualdade, mas a riqueza da
igualdade e da fraternidade.
·
A tríplice missão dos leigos e leigas
Na Igreja, os leigos são todos os que se distinguem dos ministros
ordenados: diáconos, sacerdotes e bispos. Distinguem-se dos ordenados por sua
missão no mundo. Cada leigo exerce sua missão de três formas.
A primeira delas é em seu estado de vida. A maioria absoluta dos
leigos, pelo sacramento do matrimônio, são esposos e esposas, filhos e filhas,
irmãos e irmãs. A família a primeira missão dos leigos e leigas na Igreja.
Cuidar da família é o primeiro apostolado leigo.
Depois, a presença no mundo. Cada um e cada uma tem uma
profissão. É nesta profissão que se exerce a missão laical. Cada cristão assume
sua profissionalidade e é nela que se santifica e exerce seu apostolado. O
leigo é cristão enquanto médico, enquanto agricultor, enquanto bancário,
enquanto professor, enquanto comerciante ou comerciário. Nenhum espaço fica sem
a presença dos cristãos e cristãs. Os leigos são cristãos seculares, isto é,
vivem na realidade do mundo e nela se santificam.
Finalmente, os cristãos leigos também são participantes da vida da
comunidade eclesial. Dedicam um pouco de seu tempo para construí-la, sendo
presença nas diversas pastorais eclesiais. Sem os leigos nenhuma pastoral tem
possibilidade de avançar.
·
Espiritualidade dos leigos
Tudo isto é alimentado por uma espiritualidade
intensa. Espiritualidade é tudo o que produz vida. A espiritualidade do leigo
se alimenta na comunhão intensa com o Pai, o Filho e o Espírito Santo para ser
presença transformadora no mundo. Onde houver um batizado, a Igreja está presente
como fermento na massa, como transformação para melhor.
* Coordenador
de Assuntos Comunitários
da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre
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