“E Deus viu tudo quanto
havia feito, e era muito bom” (Gn 1,31)
Os bispos do Conselho
Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunidos em Brasília
de 24 a
26 de outubro de 2017, dirigem esta mensagem ao povo brasileiro, diante de
recentes fatos que, em nome da arte e da cultura, desrespeitaram a sexualidade
humana e vilipendiaram símbolos e sinais religiosos, dentre eles o crucifixo e
a Eucaristia, tão caros à fé dos católicos.
Em
toda sua história, a Igreja sempre valorizou a cultura e a arte, por revelarem
a grandeza da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, fazendo
emergir a beleza que conduz ao divino. “A arte é como uma porta aberta para o
infinito, para uma beleza e para uma verdade que vão mais além da vida
quotidiana” (Bento XVI – 2011). O mundo no qual vivemos, ensina Paulo VI,
precisa de beleza para não cair no desespero (Cf. Mensagem aos Artistas –
1965).
Reconhecemos
que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem
necessidade da arte” (São João Paulo II – Carta aos artistas 1999). Somos, por
isso, agradecidos aos artistas pela infinidade de obras que enriquecem a
cultura, animam o espírito e inspiram a fé. Merecem destaque a pintura, a
música, a arquitetura, a escultura e tantas outras expressões artísticas que
ressaltam a beleza da criação, do ser humano, da sexualidade, e o espírito
religioso do povo brasileiro. Arte e fé, portanto, devem caminhar unidas, numa
harmonia que respeita os valores e a sensibilidade de cada uma e de toda pessoa
humana na sua cultura e nos seus valores.
Lamentavelmente,
crescem em nosso meio o desrespeito e a intolerância que destroem esta
harmonia, que deve marcar a relação da arte com a fé, da cultura com as
religiões. Se, por um lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro, os
artistas e responsáveis pela promoção artística não podem desconsiderar os
sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos
de uma sacralidade inviolável. O desrespeito e a intolerância, por parte de
artistas para com esses valores, fecham as portas ao diálogo, constroem muros e
impedem a cultura do encontro. Preocupam, portanto, o nível e a abrangência
destas intolerâncias que, demasiadamente alimentadas em redes sociais, têm
levado pessoas e grupos a radicalismos que põem em risco o justo apreço pela
arte, a autêntica liberdade, a sexualidade, os direitos humanos, a democracia
do País.
Vivemos
numa sociedade pluralista, por isto, precisamos saber conviver com os
diferentes. Isso, contudo, não subtrai à Igreja o direito de anunciar o
Evangelho e as verdades nele contidas, a respeito de Deus, do ser humano e da
criação. Em desacordo com ideologias como a de gênero, é nosso dever ressaltar,
sempre mais, a beleza do homem e da mulher, tais como Deus os criou, bem como
os valores da fé, expressos também nos símbolos religiosos que, com sua arte e
beleza, nos remetem a Deus. Desrespeitar estes símbolos é vilipendiar o coração
de quem os considera instrumentos sagrados na sua relação com Deus, além de
constituir crime previsto no Código Penal.
Animamos
a sociedade brasileira a promover o diálogo e o encontro, por meio dos quais as
pessoas, em suas diferenças, respeitam e exigem respeito, e permitem sentir a
riqueza que cada um traz dentro de si.
Nossa
Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos ensine o caminho da
beleza e do amor, da fraternidade e da paz.
Brasília, 26 de outubro de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário