Expectativas e contagem
regressiva. No distrito campista os moradores já começam a se preparar para a
Festa de Santo Amaro. E se depender de Miguel Henrique de Carvalho o espetáculo
da cavalhada vai repetir o brilho no dia 15 de janeiro. E a garantia que o
folguedo de origem portuguesa nunca vai acabar. Para o filho Welligtton Luis
Pereira de Carvalho passou o chapéu de capitão dos cristãos que estarão
repetindo a batalha com os mouros; Mas para o velho capitão a alegria vem em
dobro e o neto Luis Eduardo Ribeiro de Carvalho, 16 anos, já esta se
apresentando ao lado do pai. Uma batalha pacifica e que garante que o
espetáculo vai continuar pelas próximas décadas.
Reunir roupas, adereços,
contabilizar e verificar o material e preparar tudo muito bem com os ensaios
que já começaram. No campo as manobras são repetidas e como num bailado os
detalhes para o brilho de um dia mais esperado. O que importa é brilhar para
atrair para a apresentação com toda a beleza e dignidade de uma batalha que
acaba com todos vitoriosos. Gerações que
se encontram no dia da festa do Padroeiro da Baixada Campista. A expectativa é
de um público que ultrapassa 100 mil visitantes nos dias festivos.
- Desde criança assistia as
cavalhadas, mas a pela primeira vez que participei foi com 13 anos e só parei
em 2015, e passei a meu filho Wellington que é o capitão dos cristãos. Foi uma
alegria e emoção e agora meu neto Luiz Eduardo pediu para correr ao lado do pai.
E me sinto muito feliz. Saber que a tradição continua. Na minha família dois
primos corriam cavalhada; Amaro Constantino e João Palmeira. – conta Miguel
Henrique.
Uma tradição cultural da cidade a
cavalhada foi introduzida na festa em Santo Amaro há mais de três séculos. E as
apresentações na festa em janeiro atraem turistas de várias partes do Brasil. A
TV Sesc Senac já produziu dois documentários nos programas Balaio Brasil e
Coleções com exibição em rede nacional de televisão. A comunidade se reúne para
a preservação do bem cultural, e mesmo enfrentando as dificuldades financeiras
a apresentação acontece com todo brilho.
Dar continuidade a tradição é um
desafio para os organizadores da cavalhada. Um trabalho que vem sendo
coordenador pelos capitães Wellignton Luis e Joel Rita da Costa. Uma tradição
iniciada por volta de 1736, por ocasião da construção da capela primitiva
dedicada a Santo Amaro. Segundo relatos foi trazida para o distrito por Antonio
Pinto, um dos Sete Capitães. Para o Pesquisador de Cultura Popular, Ricardo
Gomes, uma apresentação que resiste ao tempo, mantendo toda originalidade.
- Preservar a cavalhada é
preservar um importante patrimônio da cidade de Campos. Um patrimônio que
representa a expressão cultural, uma herança da colonização lusa, que com o
passar dos séculos se mantém em toda a sua originalidade. E mérito dos
moradores do distrito campista. - destaca Ricardo Gomes.
A cavalhada vem sendo realizada
desde o século XVII, e a tradição vem sendo mantida pelos moradores. Para o Bispo
de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreria Paz representa um registro
significativo de como nossa região conserva e fez uma recepção criativa da
matriz cultural ibérica, que plasmou nas cavalhadas, uma expressão simbólica da
reconquista das terras que foram tomadas dos mouros. A Igreja preserva e ao
mesmo tempo faz a purificação da memória transformando em exercício eqüestre e
artístico o que era conflito bélico acirrado.
- A cavalhada transita pelo
diálogo intercultural e inter-religioso, possibilitando a convivência agora
pacífica e colaborativa das civilizações, que na Idade Média interagiram de
forma antagônica. Hoje, é importante numa cultura cosmopolita valorizar a sua
riqueza e diversidade. Amplia nas novas gerações um olhar de compreensão da dinâmica
da formação das culturas e da sua complementariedade e influência mútua. Campos
têm muito a aprender da matriz cultural-espiritual das cavalhadas que constitui
um bem civilizatório a cuidar e
partilhar para viver no respeito e a tolerância as diferenças. – informa Dom
Roberto Francisco
Cavalhada, que é um patrimônio
imaterial do município e de grande valor cultural para a geração atual e para
as gerações futuras. Na opinião do Diretor do Teatro de Bolso, Fernando Rossi
compreensão deste patrimônio é importante para a sua preservação. Um legado de
gerações que por séculos mantiveram a cavalhada como uma herança cultural que
deve ser valorizada pelas novas gerações.
- A gente somente entende a
importância cultural quando busca este conhecimento. É preciso reconhecer o
esforço dos ascendentes que cuidaram de manter a tradição, bem como estes
cavaleiros e capitães mouros e cristãos que ensinam a Cavalhada para seus
filhos. Preservar a cultura do nosso povo é manter viva a história dos nossos
municípios, do nosso Estado, da nossa gente. – ressalta Fernando Rossi.
Fotos Genilson Pessanha (Folha da Manhã)
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