sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Em Santo Amaro o espetáculo da cavalhada promete se repetir no dia 15 de janeiro.



Expectativas e contagem regressiva. No distrito campista os moradores já começam a se preparar para a Festa de Santo Amaro. E se depender de Miguel Henrique de Carvalho o espetáculo da cavalhada vai repetir o brilho no dia 15 de janeiro. E a garantia que o folguedo de origem portuguesa nunca vai acabar. Para o filho Welligtton Luis Pereira de Carvalho passou o chapéu de capitão dos cristãos que estarão repetindo a batalha com os mouros; Mas para o velho capitão a alegria vem em dobro e o neto Luis Eduardo Ribeiro de Carvalho, 16 anos, já esta se apresentando ao lado do pai. Uma batalha pacifica e que garante que o espetáculo vai continuar pelas próximas décadas.

Reunir roupas, adereços, contabilizar e verificar o material e preparar tudo muito bem com os ensaios que já começaram. No campo as manobras são repetidas e como num bailado os detalhes para o brilho de um dia mais esperado. O que importa é brilhar para atrair para a apresentação com toda a beleza e dignidade de uma batalha que acaba com todos vitoriosos.  Gerações que se encontram no dia da festa do Padroeiro da Baixada Campista. A expectativa é de um público que ultrapassa 100 mil visitantes nos dias festivos.
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- Desde criança assistia as cavalhadas, mas a pela primeira vez que participei foi com 13 anos e só parei em 2015, e passei a meu filho Wellington que é o capitão dos cristãos. Foi uma alegria e emoção e agora meu neto Luiz Eduardo pediu para correr ao lado do pai. E me sinto muito feliz. Saber que a tradição continua. Na minha família dois primos corriam cavalhada; Amaro Constantino e João Palmeira. – conta Miguel Henrique.

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Uma tradição cultural da cidade a cavalhada foi introduzida na festa em Santo Amaro há mais de três séculos. E as apresentações na festa em janeiro atraem turistas de várias partes do Brasil. A TV Sesc Senac já produziu dois documentários nos programas Balaio Brasil e Coleções com exibição em rede nacional de televisão. A comunidade se reúne para a preservação do bem cultural, e mesmo enfrentando as dificuldades financeiras a apresentação acontece com todo brilho.
Dar continuidade a tradição é um desafio para os organizadores da cavalhada. Um trabalho que vem sendo coordenador pelos capitães Wellignton Luis e Joel Rita da Costa. Uma tradição iniciada por volta de 1736, por ocasião da construção da capela primitiva dedicada a Santo Amaro. Segundo relatos foi trazida para o distrito por Antonio Pinto, um dos Sete Capitães. Para o Pesquisador de Cultura Popular, Ricardo Gomes, uma apresentação que resiste ao tempo, mantendo toda originalidade.
- Preservar a cavalhada é preservar um importante patrimônio da cidade de Campos. Um patrimônio que representa a expressão cultural, uma herança da colonização lusa, que com o passar dos séculos se mantém em toda a sua originalidade. E mérito dos moradores do distrito campista. - destaca Ricardo Gomes.
A cavalhada vem sendo realizada desde o século XVII, e a tradição vem sendo mantida pelos moradores. Para o Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreria Paz representa um registro significativo de como nossa região conserva e fez uma recepção criativa da matriz cultural ibérica, que plasmou nas cavalhadas, uma expressão simbólica da reconquista das terras que foram tomadas dos mouros. A Igreja preserva e ao mesmo tempo faz a purificação da memória transformando em exercício eqüestre e artístico o que era conflito bélico acirrado.
- A cavalhada transita pelo diálogo intercultural e inter-religioso, possibilitando a convivência agora pacífica e colaborativa das civilizações, que na Idade Média interagiram de forma antagônica. Hoje, é importante numa cultura cosmopolita valorizar a sua riqueza e diversidade. Amplia nas novas gerações um olhar de compreensão da dinâmica da formação das culturas e da sua complementariedade e influência mútua. Campos têm muito a aprender da matriz cultural-espiritual das cavalhadas que constitui
um bem civilizatório a cuidar e partilhar para viver no respeito e a tolerância as diferenças. – informa Dom Roberto Francisco
Cavalhada, que é um patrimônio imaterial do município e de grande valor cultural para a geração atual e para as gerações futuras. Na opinião do Diretor do Teatro de Bolso, Fernando Rossi compreensão deste patrimônio é importante para a sua preservação. Um legado de gerações que por séculos mantiveram a cavalhada como uma herança cultural que deve ser valorizada pelas novas gerações.
- A gente somente entende a importância cultural quando busca este conhecimento. É preciso reconhecer o esforço dos ascendentes que cuidaram de manter a tradição, bem como estes cavaleiros e capitães mouros e cristãos que ensinam a Cavalhada para seus filhos. Preservar a cultura do nosso povo é manter viva a história dos nossos municípios, do nosso Estado, da nossa gente. – ressalta Fernando Rossi.

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Fotos Genilson Pessanha (Folha da Manhã)

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